Planejar do zero ou transformar um espaço já existente? O dilema entre construir e reformar envolve custos, tempo, estilo de vida e até impacto ambiental
O sonho da casa própria no Brasil costuma vir acompanhado de uma dúvida recorrente: vale mais a pena construir do zero ou investir na reforma de um imóvel já existente? A resposta depende de orçamento, prazo e até estilo de vida. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) mostram que, nos últimos anos, as reformas passaram a responder por mais da metade da movimentação do setor, reflexo do envelhecimento dos imóveis e do desejo de atualização em áreas valorizadas.

Casa Fachada | Projeto Daniel Szego
Segundo o arquiteto Daniel Szego, a avaliação deve começar com um diagnóstico minucioso. “Muitas vezes, o cliente acredita que precisa derrubar e começar do zero, quando uma reconfiguração de layout, reforço estrutural e novos acabamentos já seriam suficientes para transformar a experiência do espaço”, explica.
Construir do zero, no entanto, oferece vantagens inegáveis. A liberdade de projeto permite desenhar ambientes totalmente adequados à rotina da família. Imóveis novos costumam ter liquidez maior no mercado e reduzem os riscos de problemas estruturais, já que tudo é planejado desde a fundação. Por outro lado, os custos iniciais são mais elevados, os prazos médios de execução variam de 12 a 24 meses e a burocracia com licenças e alvarás pode alongar ainda mais esse cronograma. O processo exige paciência e acompanhamento frequente, já que se trata de uma jornada longa.
A reforma surge como alternativa mais ágil e, muitas vezes, mais econômica. De acordo com estimativas do setor, renovar um imóvel pode custar até 40% menos que uma construção do zero, com prazos entre 3 e 8 meses, dependendo da área. Além disso, permite investir em localização privilegiada: muitas vezes, reformar um apartamento antigo em bairro consolidado é mais vantajoso do que construir em áreas afastadas. A sustentabilidade também entra em cena, já que aproveitar estruturas existentes reduz o consumo de recursos e o volume de entulho. Ainda assim, imprevistos são frequentes. Infiltrações ocultas, fiações antigas ou limitações estruturais podem elevar os gastos em até 20% além do previsto. Para famílias que permanecem no imóvel durante a obra, a convivência com barulho, poeira e áreas interditadas também pesa na decisão.
Tanto construções quanto reformas têm impacto direto na valorização do imóvel. Um projeto arquitetônico bem executado pode aumentar em até 30% o valor de mercado de uma residência, de acordo com o Secovi-SP. A escolha, porém, depende sempre do contexto: reformar em bairros nobres tende a trazer retorno mais rápido, enquanto construir do zero é a opção ideal para quem busca liberdade total e uma casa planejada para o futuro.
Para Daniel Szego, três perguntas ajudam a clarear o caminho: quanto tempo se dispõe, qual é o orçamento realista e que estilo de vida se deseja manter. “O essencial é ter clareza sobre expectativas e contar com orientação técnica desde o início. É o projeto bem pensado que transforma a casa em lar”, resume.

Obra | Projeto Daniel Szego
5 DICAS DE PRÓS E CONTRAS DE CADA ESCOLHA
Construção do zero
Prós
- Personalização total do projeto, da planta aos acabamentos
- Maior eficiência energética e conforto, já previstos desde o início
- Imóvel novo, com menor risco de problemas estruturais
- Segurança e conformidade técnica garantidas por normas atualizadas
- Infraestrutura e paisagismo planejados desde o início, garantindo resultado mais completo
Contras
- Prazo médio mais longo de execução (12 a 24 meses, em média)
- Maior dificuldade nas licenças e aprovações, o que pode atrasar a obra
- Necessidade de realizar toda a infraestrutura do lote (rede elétrica, hidráulica e paisagismo)
- Dificuldade em encontrar bons lotes em condomínios já consolidados
- Possibilidade de atrasos por fatores externos, como clima e fornecedores
Reforma
Prós
- A compra de um imóvel usado pode oferecer boa margem de negociação
- Prazos geralmente mais curtos (3 a 8 meses, em média)
- Possibilidade de manter localização privilegiada
- Redução de impacto ambiental com reaproveitamento de estruturas
- Flexibilidade para executar em etapas
Contras
- Risco de imprevistos, como infiltrações ou instalações antigas
- Limitações estruturais, que podem restringir alterações no projeto
- Nem sempre é possível adequar 100% às normas atuais de elétrica e hidráulica
- Se morar no imóvel, convivência com poeira, barulho e áreas interditadas
- Valorização de mercado mais limitada, dependendo da escala da intervenção
Daniel Szego – Arquitetura
@danielszego
danielszegoarq.com.br
Assessoria de imprensa
DaTa Studio de Comunicação
www.datastudiocomunicacao.com.br