De todos os elementos pensados no projeto desde a sua concepção como diretrizes, planta, espaços, circulação, estrutura, decoração, iluminação, etc… as fachadas, com certeza são os elementos que serão vistos e julgados primeiro pelos observadores e usuários. É o primeiro contato visual que se tem com a edificação e por muitas pessoas será mesmo a única coisa a contemplar sem ter acesso ao interior da casa. É nela que podemos exteriorizar toda intenção de projeto, integrar o externo com o interno, extravasar os limites entre o que vemos e o que sentimos.
Ao projetar qualquer edificação, fazendo a composição volumétrica com os espaços de uso, cheios e vazados, já temos alguma intenção de linguagem que queremos exteriorizar nas fachadas, para depois sim complementar com materiais e revestimentos externos valorizando a cara do nosso projeto.
Não só de linguagem e beleza que elas são compostas. É nas fachadas da casa que determinamos os espaços que podem ser vistos de fora, a permeabilidade da construção, proteção de intempéries, elementos bloqueadores do sol, orientação solar, a fim de privilegiar a melhor orientação dos espaços mais vitais, assim como a direção dos ventos predominantes.
Desde as fachadas clássicas, passando pelas modernistas até as pós-modernas tivemos uma enorme evolução tanto na questão formal quanto na questão construtiva. As clássicas eram somente o fechamento em alvenaria do espaço interno com poucas aberturas e com muita riqueza nos adornos como molduras, estátuas, colunas, capitéis e enfeites. As fachadas modernistas com a nova tecnologia do concreto e a possibilidade da planta livre já tinham um diálogo muito mais integrado com o seu entorno e ambiente que estava inserido.
As pós-modernistas com materiais mais modernos, pele de vidro de alta tecnologia, composições volumétricas bem arrojadas conseguem uma integração e uma linguagem do exterior com o interior muito mais harmônica no meu ponto de vista.
Não podemos esquecer dos materiais a serem usados que além da estética, precisam resistir à intempéries por muito tempo sem perder o desempenho de vedação, cor e textura que no meu ponto de vista é muito crítico para a manutenção da mesma. Isso interfere muito na parte interna onde qualquer ponto de infiltração ou umidade pode comprometer os móveis e decoração da edificação.
Marcos Biazus é colaborador da Revista Viva Decora. Formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos com 10 anos de experiência em projetos residenciais de alto padrão com escritório profissional localizado em Porto Alegre