“Foco no essencial” é o fio condutor de CASACOR São Paulo, que este ano chega a sua 31ª edição. Os espaços podem ser visitados pelo público entre 23 de maio e 23 de julho, no Jockey Club de São Paulo, e resumem as tendências mais desejadas da temporada. Em comum, os 69 espaços evitam os excessos para se concentrar no apuro dos traços, na excelência dos acabamentos e na beleza sem artifícios dos materiais.
1- Essencial:
Uma aposta nos materiais em seu estado natural, aplicados a grandes superfícies, bem como os ambientes sem excessos de adereços revelam o foco no essencial.
Planos lineares e panos de vido são criados a partir de uma estrutura metálica. O projeto ganha ainda mais leveza com a luz natural e os tons claros, com pinceladas de caramelo.
Luz branda e tons acolhedores despertam os sentidos no quarto de vestir, cujo apelo sensorial se acentua nos painéis em couro e no piso em carpete. Poucos e bons elementos.
Madeira em estado natural, placas cimentícias e de MDF são a base de uma ambientação sem excessos, que mescla cores cruas à suavidade do azul.
Estuque aparente, paredes descascadas o o preto sem artifícios comandam o projeto. A base destaca peças exclusivas como a cama em madeira com tratamento de carbonização, de autoria do profissional.
Piso em porcelanato, forro preto, mobília branca. O visual limpo permite interferências gráficas, como papel de parede de bolinhas e janelas com vidros texturizados que lembram as formas consagradas pelo artista Mondrian.
A caixa revestida em taipa de pilão, que remete ao século 19 e ao ciclo do café, ganha aberturas com painéis pivotantes. Eles são desenhados com inspiração nas folhas na planta.
As lojas de museus como o MoMA, de Nova York, e do Centre Pompidou, em Paris, inspiram o projeto, executado em melamínico madeirado e pastilhas em vidro. As formas são minimalistas e exploram padrões em repetição.
Alan Freitas, Ana Dora e Breno Felisbino tinham em mente a arquitetura, as arquibancadas e os tons terrosos do hipódromo, no espaço para cursos e palestras que ressalta a volumetria dos elementos.
Cinco mil lâmpadas de LED são o principal elemento visual, dispostas nas paredes para propor uma experiência sensorial e chamar a atenção para os tecidos, exibidos como obras de arte.
2- Madeira:
Caixas em madeira, paredes e tetos completamente abraçados por este material são o ponto de partida de ambientes naturalmente acolhedores.
Marcenaria filetada feita à mão cobre as paredes, incluindo a estante com fundo em vidro quadriculado, e garante a unidade entre os espaços integrados.
Com 20 metros de extensão, a parede principal recebe um painel ripado em madeira, que proporciona uma visão fluida que conecta do estar ao espaço gourmet. O material é valorizado ainda mais pela iluminação na medida.
Uma das peças-chave para aquecer o ambiente é o biombo em madeira Esteira, da Etel Carmona.
Fabiana Silveira e Patricia de Palma guardaram a cama auxiliar sob um pórtico em madeira, que traz uma sensação acolhedora. No ambiente, o destaque são os trabalhos manuais, bem representados no berço suspenso em macramê.
O carvalho americano, uma madeira clara que casa com os tons neutros, foi eleita para revestir todo o espaço, formando uma caixa. Barbara Gomes e Giulliana Savioli assinam o projeto.
Carolina Mauro, Daniela Frugiuele e Filipe Troncon criam um refúgio abraçado pelo carvalho em tom claro. O material aquece o projeto inspirado nos palácios de São Petersburgo, na Rússia.
O elemento principal do projeto de Adriana Helu, Carolina Oliveira e Marina Torre Lobo é o teto forrado em Accoya. A madeira também surge no piso da Core Wood e cria um contraste interessante com móveis nas cores cinza e preta.
3 – Oriental:
Formas mais rígidas e puras, uma vocação minimalista e o apelo a materiais naturais como a madeira sugerem a busca do equilíbrio.
Toras de bambu formam um painel que delimita o espaço, inspirado em um jardim japonês. Felipe e Maria Lúcia Alalou reforçam o clima com pedras rústicas que representam montanhas, enquanto a areia remete ao percurso da vida.
A simplicidade oriental guia a ideia de dispor ripas de madeira pinus como em uma casa, suspensas por barbantes para delimitar a sala de jantar. As cadeiras Lucio, de Sergio Rodrigues, reforçam a leveza da proposta, assim como a etérea mesa em vidro de Jacqueline Terpins.
Retas formais conferem harmonia e senso de organização ao ambiente de apenas 50 m², que une banho, área de dormir, de trabalho, de convivência e refeição. Móveis e objetos do acervo pessoal de Michel compõem a decoração, arrematada pela bela vista do Jockey.
Sustentabilidade:
Materiais inteligentes, desenvolvidos com um olhar no reaproveitamento e na otimização de recursos, transformam processos construtivos e orientam as escolhas dos profissionais.
O teto é destaque, composto de baffles. Além de sustentável, este forro de garrafas PET absorve o som e alia conforto acústico.
O apelo sustentável começa já no método construtivo, que simplifica montagem e desmontagem, minimizando resíduos. Painéis aproveitam a luz solar e geram energia e a água da chuva é reutilizada. Na cozinha, o revestimento de parede dá novo uso a lâmpadas fluorescentes.
5 – Zona de conforto:
Um dos desejos mais fortes da temporada é sentir-se em um refúgio. A aposta é em materiais crus e naturais, em cartelas de cores acolhedoras e espaços que lembram verdadeiras cabanas.
Com direito a lareira e sofás italianos, o ambiente esbanja conforto. Nas paredes, muita madeira, tijolos caramelo e mesmo um tapete de 12 m² pendurado, da Kian. No piso, a paginação em réguas finaliza, com revestimento da Portobello Shop.
Quatro cabanas e uma intenção: imaginar a cidade de São Paulo de antigamente, no alto de uma colina. Essa imagem de aldeia guarda um quê de ancestral, para levar a uma reflexão sobre a metrópole e a relação entre as pessoas e o espaço.
Paredes, piso e vigas no teto em madeira trazem um ar de cabana ao ambiente de 30 m². Tons calorosos, como vermelho e laranja, contrastam com o pano de fundo branco e com os potiches chineses pintados à mão.
No projeto de Fernanda Moraes, Fernanda Tegacini e Nathalia Mouco, a estante em L é um recurso visual que sugere um abraço, no espaço que também se beneficia de um teto rebaixado. Para trazer delicadeza, pendente levíssimo com peças douradas.
6 – Natureza e áreas externas:
Várias formas de curtir espaços ao ar livre, valorizando espécies vegetais locais com um toque contemporâneo.
Chuveiros se convertem em cascatas e outros produtos da marcam ganham novos usos no ambiente, valorizados no cenário pontuado por 20 oliveiras adultas e espelhos d’água com seixos vindos da Indonésia.
O bambu é protagonista neste espaço de 530 m². As diversas espécies, como jardim, brasil, quadrado e anão, preenchem as mais de 500 touceiras que transformam a área em bosque.
Samambaias, aspargos, lambaris, véus-de-noiva e o toque de jabuticabeiras e palmeiras criam uma minimata e um refúgio tropical. Para prolongar o tempo ao ar livre, Bia apostou em poltronas de madeira e na mesa com lareira.
Para não interferir nas paredes da construção original, Clariça utilizou tramas em serralheria para criar três jardins verticais com quase 2,5 metros de altura e mais de 4 metros de largura.
De um lado, vasos com topiarias citam os jardins à francesa; de outro, jabuticabeiras trazem um forte elemento local para a cena, neste trabalho que equilibra força e delicadeza em cada elemento.
Uma plataforma temporária nas arquibancadas do Jockey apresenta uma curadoria original de peças de arte, que incluem a escultura vermelha de Sara Rosenberg.
Plantas nativas e tropicais criam um microclima agradável e tornam aconchegante a grande área de 535 m² – a dimensão permitiu, aliás, fazer um lago com 100 m². Destaque para a coleção de bancos desenvolvida pelo profissional.
Na falta do verde natural, a imensa fotografia da Mata Atlântica traz a vegetação para o espaço. Essa é a vista que o artista plástico paraibano José Rufino tem da janela de seu ateliê.
7 – Retrô:
O art déco e os anos 1950 já vinham fortes nas temporadas anteriores. Eles continuam, agora na companhia de elementos clássicos do século 19.
O ambiente homenageia o tempo e convida a receber amigos, com peças acolhedores como o sofá arredondado. Os metalizados são pura sofisticação e têm um quê de art déco.
O adocicado verde menta reforça o apelo retrô, assim como os estofados arredondados, os móveis com pés palito e outros itens descolados, como o ventilador de teto.
Para trazer um pouco da história da monarquia, um espaço contemporâneo onde se inserem elementos clássicos. O lustre Baccarat do século 19, que pertenceu à família real no Brasil, é bom exemplo, assim como as linhas em baixo-relevo douradas nas paredes.
Geométrico, o art déco inspira o lobby, onde o clássico também se impõe no lustre. Mas há espaço para o toque inesperado do papel de parede com print de pele de cobra.
O projeto resume a cartela de cores do momento, combinando variações de verde, azul e rosa. Cadeiras e estofados em veludo só ressaltam a estética irresistível de décadas passadas.
8 – Metalizados:
Bronze e dourado adicionam nobreza mesmo aos projetos mais simples e despojados, ganhando destaque mesmo em cozinhas e salas de banho.
O projeto não se resume aos tons sóbrios de verde, cinza e concreto, graças aos detalhes em dourado que enobrecem pés de cadeiras, vasos e outros complementos.
Os misturadores não dispensam a sofisticação do bronze. E a sequência de luminárias acompanha a extensão da mesa com tampo de madeira maciça roxinho, de Amélia Tarozzo.
Além das ferragens em dourado, o projeto investe no brilho do mosaico geométrico no mesmo tom, valorizado diante da base em concreto.
9- Rosa:
O tom chega mais seco e promete adocicar os ambientes. Ele sai dos meros detalhes para assumir paredes e peças importantes do mobiliário.
Os móveis curvos já bastariam para criar um ambiente suave e feminino, mas a dupla também adotou o rosa – combinado ao verde e ao azul – para compor um grafismo que marca as paredes principais, com tintas Coral.
O rosa é adicionado nas cadeiras e na marcenaria da cozinha integrada. Um elemento suave diante da base desenvolvida com materiais naturais quentes, como o arenito e principalmente a madeira de demolição.
Tapete goiaba e detalhes na cor vinho fogem ao comum e personalizam o ambiente onde predominam tons neutros.
10 – Verde e azul:
Como resistir ao frescor destes tons? Eles comprovam sua versatilidade em diversos matizes e casam perfeitamente com o cinza.
Um ambiente que não passa despercebido, com pintura verde-hortaliça e um jogo visual com espelhos e reflexos.
O living guarda uma atmosfera tranquila e a gradação de azuis conduz o olhar pelas diversas peças de desenho contemporâneo.
Azul e branco são a clássica combinação para trazer a sensação de estar perto do mar. Esse duo ganha mais charme combinado com móveis em madeira, palhinha e junco.
Para modernizar as paredes ornamentadas com as clássicas boiseries, as arquitetas Pamella Giannetti e Natália Marchioni optaram por um tom verde azulado, que rende profundidade e elegância ao espaço.
Azul e cinza são uma combinação infalível, como comprova este trabalho de René, que tem como diferencial as paredes preenchidas com livros e objetos.
O turquesa foi a escolha do escritório de Maurício Arruda. A parede faz saltar aos olhos a curadoria de fotografias e os móveis pensados para mudarem de lugar conforme a vontade do dono do espaço.
O espaço de dormir é abrigado na caixa verde neste apê jovial, de 38 m². O cinza é o contraponto perfeito, no sofá modular com assento voltado para os quatro lados, desenhado por André Bacalov, Kika Mattos e Marcela Penteado – autores do projeto.
11- Cores intimistas:
Tons profundos e densos entram em cena, incluindo o preto aliado às linhas retas, sem maiores cerimônias. Nestes projetos de personalidade, as pinceladas de cores vivas são bem-vindas.
O artista plástico Walter Nomura, conhecido como Tinho, assina o grafismo. Livros e objetos também inserem outros pontos de cor no projeto, onde o ponto alto – literalmente – é o desenho de luminárias que aproveita a estrutura de paredes e teto.
Sobriedade não falta no espaço, com piso de madeira de demolição escura, paredes de cimento queimado, bancadas em Caesarstone e móveis fixos na cor grafite. Perfeito para destacar acessórios, cestas e o próprio verde natural da hortinha.
As peças da Baccarat são o ponto de destaque, por isso a escolha do preto em peças de design minimalista e nas paredes em madeira ebanizada.
Com apenas 8 m², o profissional surpreende e trabalha com tons escuros em revestimentos e nos cobogós. Sem quebrar essa linguagem, a parede de tijolos metalizados sugere amplitude. Para pontuar, uma banqueta na cor amarela.
Materiais industriais e rústicos, como o piso em madeira de demolição, formam uma combinação que acolhe ao primeiro olhar. Uma das paredes vem na cor preta e as demais possuem textura crua. A iluminação reforça esse intimismo.
Chapas de aço-carbono revestem o interior do espaço, em paredes e no piso. Simples, o recurso ainda valoriza as aberturas que permitem a entrada de luz natural.
A estante toma conta de uma parede inteira e determina o cinza como cor principal do ambiente, com espaço de sobra para guardar coleções e objetos afetivos. O verde das poltronas atualiza ainda mais a cartela do espaço.
Paredes com tinta de lousa também são pontuadas pelo verde natural dos jardins verticais. A madeira escura e os tijolos acentuam o intimismo. Repare que os guichês originais da bilheteria do Jockey foram mantidos.
O jeans reveste as paredes e o teto. Por ser um tecido democrático, foi a escolha perfeita para um ambiente unissex e aberto à diversidade.
12 – Tons quentes:
Alaranjados e terrosos trazem alegria e aquecem ambientações nos mais variados estilos.
Mix de estampas e de materiais – incluindo uma mesa em mármore – vai na direção de uma proposta eclética, com ares Mid Century. Para trazer unidade aos vários elementos, a parede no tom Rouge de Fer.
Cortinas em tons de bege e laranja valorizam o janelão original, com esquadrias em ferro na cor verde.
13 – Mármore:
O material volta com força e não se limita ao estilo clássico, valorizado em grandes superfícies.
A lareira vai além de sua função original e embeleza o espaço, encaixada na parede revestida em madeira ripada.
A conhecida paginação em espinha de peixe é adotada de forma diferente, na meia-parede, dividindo as atenções com o generoso painel em mármore.
O mármore tem vida própria e dispensa adereços, utilizado na parede principal e comandando a discreta cartela de cores adotada no projeto de 70 m².
Paredes em madeira contracenam com o painel em mármore, posicionado como uma obra de arte. Nesta galeria, também se destacam as fotografias ampliadas em metacrilato de Daisy Xavier. Outro detalhe: as poltronas são da casa do arquiteto, atualizadas com veludo azul safira.